Psicopedagogia não é reforço

Ao se deparar com uma criança ou adolescente com dificuldades de aprendizagem, pais e professores encontram pela frente inúmeros desafios para compreender, ensinar e integrar este indivíduo. Surge então a dúvida: a quem encaminhar a criança ou adolescente? Psicólogo? Reforço escolar? Psicopedagogo?

É importante esclarecer que o reforço escolar é de extrema importância, uma vez que auxilia o aluno que encontra uma dificuldade pontual, ou seja, o aluno que não compreendeu o conteúdo previsto em sua série escolar. Porém, tendo em vista a complexidade do processo de aprendizagem escolar, faz-se necessário uma prévia investigação antes de se optar pelo reforço escolar.

A aprendizagem e a construção do conhecimento são processos naturais e espontâneos nos seres humanos, se não estão ocorrendo, certamente existe uma razão que precisa ser investigada, identificada e tratada por alguém devidamente especializado, como o Psicopedagogo.

O Psicopedagogo tem como foco o trabalho com as dificuldades ou distúrbios de aprendizagem atuando com crianças, adolescentes e até mesmo adultos nos campos preventivo (escolas), terapêutico (consultórios) ou estimulativo (educação especial). Ele incorpora em seu núcleo conhecimentos cognitivos, biológicos e comportamentais, uma vez que a Psicopedagogia tem como base os fundamentos de Psicologia, Psicanálise, Psicolingüística, Pedagogia e Neurologia. Deste modo, o psicopedagogo encontra-se capacitado a compreender como o cérebro funciona no processo de aprendizagem e a investigar as prováveis causas que interferem na aquisição do conhecimento. Com base nisso, a identificação das prováveis causas dos problemas de aprendizagem escolar requer uma intervenção especializada, pois apesar do aprender ser um processo natural, ele tem como base uma complexa atividade mental, onde envolvem processos de pensamento, percepção, emoções, memória, motricidade, mediação, conhecimentos prévios, etc.

No caso de crianças e adolescentes, o atendimento psicopedagógico auxilia na identificação dos obstáculos e tratamento das dificuldades de aprendizagem, através de interações com jogos, atividades corporais, gráficas, e lúdicas de sensibilização e

criatividade que estimulam a auto-estima, o auto-conhecimento, a autonomia, a superação de desafios, em busca do saber próprio. Trabalhando sempre com as possibilidades do sujeito, torna-se possível conhecer a relação que este estabelece com

o conhecimento e de que forma articula o seu corpo, organismo, desejo e sua inteligência na busca de suas aprendizagens.

São utilizados testes e estratégias psicopedagógicas previamente organizadas à partir da necessidade real do aprendiz, tais como: adaptações motoras, atividades adequadas a modalidade de aprendizagem correspondente, vivências sensório-motoras, construções referentes ao campo conceitual e orientações à família e a escola. Esta mediação, oportunizada no espaço que se cria durante o atendimento psicopedagógico, viabiliza a interação entre o psicopedagogo e o indivíduo com dificuldade de aprendizagem com objetivo de reorganizar e refazer seu saber rumo à sua autonomia e realização pessoal. A atuação do Psicopedagogo tem sempre como objetivo promover a aprendizagem do sujeito.

Texto de: Alexia Christine Guimarães Ribeiro. Pedagoga especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional e Psicologia da Educação

Fonte: https://www.neuroeducar.com.br/blog/atendimento-psicopedagogico-ou-reforco-escolar/